segunda-feira, 19 de dezembro de 2011



A gravura retrata claramente a realidade na maioria das nossas salas de aula. A cobrança diária dos gestores escolares no que diz respeito ao repasse de conteúdos transforma nossos alunos em máquinas reprodutoras de currículos ou programas de disciplinas já saturados. São raros os momentos de uma proposta pedagógica diferenciada.

Como consequência, as cobranças aos professores acaba refletindo na prática profissional quando nos vemos cobrando de nossos alunos a reprodução desses conteúdos sem uma reflexão e qual a utilidade dos mesmos no dia a dia de cada um. Como parar para avaliar o que aprendemos se o vestibular ou a prova da faculdade ou escola se aproximam?

Acredito na transformação das pessoas através da educação. Entretanto, as propostas curriculares modificam situações, mas não proporcionam uma transformação do indivíduo. Isso poderá causar um reflexo contrário ao que seria importante ao desenvolvimento das pessoas.


Como availar?

Essa é uma palavra complicada, pois exige de alguma forma uma postura julgadora da parte de quem avalia. Tendo em vista que enquanto professores temos que tomar uma decisão em relação à vida e desempenho de outra pessoa. Mais do que uma nota ou uma atividade, tem muito coisa em jogo quando uma pessoa é avaliada, ainda mais no que diz respeito ao processo de ensino-aprendizagem. Há um conjunto de esforços e habilidades que foram dedicadas à fatura das atividades e à participação dos alunos durante o curso de uma disciplina que torna complicado o processo avaliativo se os levarmos em consideração.
Então, entramos naquele conflito de que vamos tomar somente uma prova ou trabalho para avaliar todo um processo. Sabemos que existe um nível mínimo a ser alcançado em termos de aprendizagem para que o aluno possa passar a ver um novo conteúdo, ainda mais quando este precisa intrinsecamente daquele para o seu desenvolvimento e assimilação. Daí que vem o conflito, porque por mais que aluno tenha um bom desempenho em uma prova ou trabalho nem sempre ele conseguiu assimilar os conteúdos como deveria para que assim possa receber os novos conteúdos. Já muitas vezes alunos excelentes durante as aulas se darem mal em uma prova, quando outro que não se desempenhou tão bem fez um excelente trabalho final em seu teste.
Sendo assim, é preciso estabelecer critérios para se avaliar, mas é difícil chegar ao consenso de que critérios serão válidos para avaliar todo o esforço de alguém, que muitas vezes alcançou um desempenho extraordinário para os seus parâmetros rotineiros, mas que infelizmente não alcançou o nível que deveria. Será que não devemos levar em conta o esforço e o desenvolvimento do aluno? Ou devemos pontuar nos testes e trabalhos e ponto final? É algo difícil de ver e acredito que temos muito ainda a desenvolver a respeito do tema.

EAD e a Dialogicidade Freiriana

Olá pessoal!

Baseado no que foi abordado no Solar e no artigo Dialogicidade nas Práticas Interativas da Área de Exatas(David e Castro-Folho, 2009), pude perceber que na verdade os 5 pilares postulados por Freire se complementam para resultar em uma aprendizagem não libertadora e humanizadora como ele mesmo busca. Mas também para que os conteúdos ensinados possam fazer sentido e parte da vida do aluno.
Como falei anteriormente no nosso fórum Bom Dia, sou professor há quase 10 anos e sempre busquei manter uma relação de caráter cordial e afetivo com meus alunos por acreditar que a afetividade seja uma forma de deixar o aluno mais confortável e, assim, facilitar a aprendizagem. Dentro do tempo em que atuo como professor, tenho trabalhado no sistema presencial, mas desde que comecei a ser tutor de EAD procuro adotar esta mesma prática.
Acredito como aluno e professor, que quando há uma ligação afetiva entre as duas partes a aprendizagem flui melhor, pois o aluno se abrirá para ouvir o que o professor tem a dizer e vice-versa. Desta forma, entramos no âmbito da humildade que é aceitar e refletir a respeito de críticas feitas de um para o outro quer seja sobre as ações de ambos, ou sobre o conteúdo abordado. Desta feita, abre-se espaço para o pensamento crítico dentro do processo de ensino-aprendizagem. Ao abrirmos este espaço conotamos o que Freire postula por Fé nos homens e Esperança, pois, do meu ponto de vista, estes são dois pilares principais que embasam o trabalho do professor e norte para a educação. Pois todo o investimento que fazemos em termos educacionais é com fé de que podemos levar o desenvolvimento ao ser humano na esperança de alcançarmos uma sociedade mais justa, humana e desenvolvida.
Focando mais no ensino à distância, vejo que a própria iniciativa do ensino de graduação à distância é uma forma de expressar fé e esperança nos homens, pois é levar educação e desenvolvimento humano a lugares onde antes não existia ou não se conseguia alcançar. E é por amor ao ser humano que a grande maioria de nós busca fazer parte desta ação e trabalhar da melhor forma possível. E para alcançarmos cada um de nossos alunos precisamos ser humildes para dialogar com nossos alunos e pensar criticamente para buscarmos excelência no nosso trabalho.

domingo, 11 de dezembro de 2011

Sobre a imagem e Avaliação





Na imagem, o professor segura uma chave de fenda enquanto abre a cabeça de um aluno.
A imagem passa a noção de um mecanicismo. O aluno seria uma máquina que o professor tenta consertar. Se está com defeito, o professor vai lá e dá um jeito.
Para detectar o defeito, o professor então faz uso da avaliação. Se as notas vão mal, o professor detecta que ali há um defeito a ser corrigido.

Bom, eu não gosto de ver meus alunos como máquinas e nem acho que a coisa seja bem ir lá e consertar o aluno. Eu vejo meus alunos como pessoas. Não gostei da metáfora da imagem por isso.
Não acredito que meus alunos têm defeitos de máquina. Muito menos acredito que uma avaliação é suficiente para determinar quão bom meu aluno é. Aliás, quantificar isto para mim já é absurdo.
O aprendizado não é uma coisa quantitativa, é qualitativa. Não há uma forma eficaz de medir em números quanto uma pessoa sabe ou é eficiente. O ser humano é uma quantidade infinita de fatores, é impossível considerar e medir todos. Einstein tirava zero em matemática. Ivo Pitanguy, o maior cirurgião plástico do Brasil, reprovou no vestibular OITO vezes. Então, o que é que os métodos de avaliação podem dizer?
No entanto, não sou contra a avaliação. Sou contra os métodos de avaliação em vigor na maior parte das instituições de ensino atualmente. Acredito que deveria ser uma coisa contínua, de todos os dias, não uma prova no final e pronto. O aprendizado deve passar por um acompanhamento constante. Aliás, também acho o nome acompanhamento muito mais apropriado do que avaliação. Não acho que um título credita uma pessoa a avaliar outra. isso vai de encontro ao que estudamos em Paulo Freire, por exemplo. Acompanhar fica bem melhor.
Acho que é necessária uma reforma nos métodos de avaliação em geral. Uma revisão crítica e uma atualização. A avaliação é necessária para que se possa saber o que se está acertando e errando, mas acho que os métodos em vigor causam mais confusão do que esclarecimentos.

Dialogicidade em Paulo Freire

Amor
Por amor no livro de Paulo Freire entendi como sendo uma empatia profunda não só pelo aprendiz (que ele chama de educando), mas também pelo próximo, pelo interlocutor. As idéias de Paulo Freire, profundamente cristãs, seguem esta linha iniciada neste primeiro ponto, o amor, para descrever diversos aspectos da atividade pedagógica que o autor julga importantes. A partir do amor ele trabalha elementos como respeito, comprometimento, atenção, percepção do outro etc.

Humildade
Humildade seria a capacidade de levar adiante o diáçlogo entendendo que também o educando tem muito a passar. Seria a capacidade de ouvir e se abrir para o outro, para aceitar o que ele tem a oferecer. Seria uma forma de estar aberto a oportunidades e transpor barreiras de comunicação e comportamento.

Fé nos homens
Esta eu achei a parte mais intrigante. Freire nos desafia a dar credibilidade ao próximo para que, com esta credibilidade, o próximo se torne mais forte e cresca. Ele acredita que a falta de confiança é uma das grandes barreiras.

Esperança
É a força para continuar frente às grandes adversidades. É saber esperar o momento correto para agir, justamente por saber que ele virá. É também saber identificar este momento.

Pensar crítico
É pensar tudo que se diz, tudo que se faz. Seria tirar uma conclusão de tudo isso e se preparar para continuar.

Os ensinamentos de paulo freire se aplicam muito bem à EaD, principalmente no contexto em que trabalhamos, onde são muitas as adversidades e de toda espécie. Muitas vezes os tutores são um dos poucos apoios que os alunos encontram para continuar, pois muitos levam uma vida muito difícil e cheia de restrições.
A questão do diálogo não é apenas onde ele ocorre, mas principalmente como ele ocorre. Independente do meio utilizado, saber dialogar é o que tem mais peso.
Acredito que não existe um treinamento para aplicar os conceitos de Paulo freire. É algo que se aprende vivenciando e colocando em prática. Acredito que coloco esta filosofia em rpática, principalmente por conta do retorno que recebo de meus alunos.
Não é apenas uma forma de se portar em EaD, mas sim em toda a vida.

Sobre a ferramenta Chat

O chat é uma ferramenta complementar em EaD. Se bem utilizada, pode trazer resultados surepreendentes, mas, infelizmente, esta não é a regra.
O primeiro ponto que gostaria de ressaltar é que o chat não é um bate papo como qualquer outro. não é como um bate papo presencial e nem tampouco como um bate papo do MSN, mesmo que se faça uso dessa ferramenta.
Vimos no texto Sobre o uso do chat como ferramenta auxiliar de ensino e aprendizagem no curso de Mestrado em Informática da Universidade Católica de Brasília (Carlos Alberto Mamede Hernandes, Roberto Aguiar Santana e Sérgio Dagnino Falcão) que "A maior desvantagem do chat decorre do empobrecimento das três componentes conversacionais: corporalidade, emocionalidade e linguagem. Observa-se que o chat não permite aos participantes trabalhar as suas corporalidades, dificulta significativamente a expressão das emocionalidades e restringe os recursos da linguagem à forma escrita." portanto, tratar o chat como um bate papo convencional é um erro gravíssimo.
Aponto ainda diferenças entre o chat enquanto ferramenta da EaD e as conversas através do MSN quem acredito, devem ser levadas em consideração:
  • Familiaridade: no MSN, as pessoas possuem um grau de intimidade (na maior parte das vezes) maior do que aquele entre os participantes de um chat em EaD;
  • Vontade: as pessoas que participam de uma conversa no MSN normalmente o fazem porque estão com vontade, muitas vezes apenas para passar o tempo. No chat da EaD o fazem por uma obrigação;
  • Avaliação: os participantes de um chat de EaD podem achar que estão sendo avaliados. O mesmo dificilmente ocorre no MSN.
  • Formalidade: o chat de EaD é um ambiente muito mais formal que um chat espontâneo do MSN;
  • Compromisso: o chat pelo MSN, como foi dito, normalmente tem início de forma espontânea. Os chats em EaD têm hora para começar e, quase sempre, para acabar.
Desta forma, vemos que é necessário haver um planejamento diferente para estas atividades. O tutor deve, antes de qualquer outra coisa, conhecer bem a ferramenta e ter ciência do que irá acontecer e como irá acontecer. Deve haver um planejamento de situação: o tutor precisa ter elementos chave a serem introduzidos no bate-papo e ter um conjunto de perguntas prontas para orientar a atividade, até porque, quase sempre, a ferramenta se limita à digitação de textos por parte dos participantes.
O tutor precisa manter seus alunos engajados na atividade razendo à tona situações que os deixe atentos para o que acontece. É bom que o grupo não seja muito grande, para que o tutor possa perceber quando algum aluno está mais deslocado e possa aproximá-lo mais do assunto. Grupos menores também são mais fpaceis de gerir e evitar que se fuja do assunto da conversa.
Além disso, é importante que o chat tenha sido marcado com bastante antecedência e que os alunos tenham sido orientados a buscar informações e questionamentos acerda do assunto a ser abordado. É necessário que os alunos tenham consciência de que esta é uma atividade pedagógica e que façam uso desta ferramenta para fins apropriados.
 A falta de preparo de tutores e alunos, acredito, é o maior obstáculo para o uso bem-sucedido desta ferramenta.

chat: momento do olho no olho virtual


Quando penso sobre o chat, o primeiro fator que me vem à cabeça é a riqueza pedagógica desta ferramenta, não que as outras formas de interação sejam inferiores, não se trata disso. De fato, o chat é um olho no olho virtual, uma espécie de simulacro do teu olhar no meu, uma dinâmica em que a relação aqui-e-agora toma corpo. Penso que o fator de sincronicidade dessa ferramenta deve ser sempre tomado com cautela, pois a dinâmica da pseudo-oralidade, da simultaneidade, da resposta sem muito tempo de elaboração, da imprevisibilidade do outro sendo ele mesmo resulta em um ambiente em que nossos corpos podem até, vejam podem até não se trata de uma imposição, existir como eles são: inseridos em um espaço e tempo: estamos lá quando o outro também está....

Assim, por mais que a atividade tenha sido bem planejada, sempre corremos o risco do espaço e tempo entrarem no jogo, explico melhor: na sicronicidade a possibilidade de revisão diminui, o risco do mal-entendido aumenta (por exemplo, esse meu texto eu já reelaborei várias vezes até essa escrita final), o risco desse mal-entendido, entendido aqui como para além do não entendimento de trechos das falas, ou a confusão de terminologias... Compreendo o ruído como algo maior: o risco interpessoal, nosso corpo querendo ser na tela, vários momentos de ter corpo: atropelamento do turno do outro, a formação de antagonismos e simpatias na breve efemeridade da hidridação do chat entre discurso oral e escrito, um entremeio que durante a atividade de papear online leva o sujeito a hesitar prosseguir sua fala, pois em uma conversa presencial, o olhar do outro aqui ou distante, seu sorriso, seus gestos entendidos como a presença de seu corpo são semioses que nos dão mensagens de verde, amarelo, vermelho. Penso que ao papear online o ruído na expressão do que seria só conteúdo também é entrave ou estmulo, a linguagem, como já é debatido por vários estudiosos, não é conteúdo versus forma, forma também é conteúdo.
Gilson Cordeiro